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Estudo inédito sobre o cuidado maternal de tamanduás-bandeira de vida livre é realizado no Cerrado

O comportamento entre mães e filhotes é observado pela pesquisadora Dra. Alessandra Bertassoni, que já identificou que as brincadeiras entre mãe e filhote vão além do lúdico.

O Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS), por meio do projeto Bandeira e Rodovias, tem realizado um estudo para observação de fêmeas e filhotes de tamanduás-bandeira, executado desde agosto de 2021, pela bióloga e pesquisadora da Universidade Federal de Goiás (UFG), Alessandra Bertassoni, tem como finalidade auxiliar na compreensão dos padrões de cuidado maternal destes indivíduos.

Este tipo de pesquisa em tamanduás-bandeira de vida livre é uma iniciativa inédita e que requer cuidado, tempo e dedicação, mas que já vem fornecendo dados importantes sobre o comportamento da espécie. São informações que irão auxiliar em outras iniciativas de conservação deste animal que é considerado vulnerável à extinção na lista vermelha das espécies (IUCN/ União Internacional para a Conservação da Natureza), que além de ter uma densidade populacional baixa, visto que uma gestação dura em média 180 dias e que só nasce um filhote de cada vez, também está sofrendo com o desmatamento e consequentemente a perda de habitat e com as colisões veiculares nas rodovias.

A pesquisadora explica que um dos objetivos do estudo é descrever e compreender os repertórios comportamentais das mães, filhotes e do par durante o período em que estão juntos. Na literatura existem pouquíssimos trabalhos, e alguns poucos relatos, que investigaram o comportamento maternal da espécie em vida livre. A maior parte da informação vem de cativeiro, que muitas vezes não reflete a história natural do animal e as interações com o seu ambiente.

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“Neste primeiro ano de observação, nós identificamos que os filhotes são extremamente dependentes de suas mães durante os primeiros dois meses e que os meses seguintes são, geralmente, de muito aprendizado, pois, é neste período que eles aprendem a se cuidar, se alimentar e se proteger, ou seja, é uma fase importante para que eles possam se tornar mais autônomos. Um período essencial na vida do animal e que aumenta as chances de chegarem à fase adulta com sucesso”, explicou a bióloga.

Até agora este projeto já realizou cerca de 122 horas de observação de 12 mães com os seus filhotes, algumas já com uma nova cria, o que possibilita analisar se o mesmo comportamento é replicado com outras crias, auxiliando na compreensão dos padrões de cuidado dessas fêmeas. Além disso, esses dados também poderão ser úteis para ajudar no manejo de indivíduos de cativeiro, ou seja, têm potencial para direcionar como deverão ser realizados os cuidados de filhotes de tamanduá-bandeira recebidos nos centros de reabilitação, com o objetivo de aumentar as chances de sobrevivência desses animais na natureza.

Estudo comportamental auxiliará na elaboração de protocolos de cuidados com tamanduás-bandeira órfãos

“Já temos algumas informações preliminares, como, por exemplo, a atitude da mãe de aproveitar os momentos descontração e brincadeiras, para realizar uma inspeção em seu filhote, e neste ano, esperamos que as novas campanhas de observação nos ajude a levantar mais alguns dados, pois, a partir desse momento em que conseguimos identificar como são realizados estes cuidados e ensinamentos, poderemos estabelecer novos questionamentos e até mesmo ampliar a nossa pesquisa, auxiliando cada vez mais na conservação da espécie a médio e longo prazo e possibilitando que as experiências adquiridas sejam compartilhadas e replicadas em todo o Brasil”, finalizou Alessandra.

O PROJETO BANDEIRAS E RODOVIAS

O projeto “Bandeiras e Rodovias”, é uma iniciativa executada pelo ICAS e pelo IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, desde 2017, no Cerrado de Mato Grosso do Sul (MS). O objetivo da primeira fase do projeto foi quantificar o impacto das rodovias nas populações de tamanduás-bandeira e avaliar o efeito no comportamento da espécie, estrutura populacional e saúde. Desde o ano de 2021, quando iniciou a segunda fase, o ICAS vem trabalhando no envolvimento de diversos setores públicos, privados e sociedade civil, com o objetivo de conscientizar e implementar ações sociais, paisagísticas e de gestão viária para diminuir o número de colisões veiculares com fauna nas rodovias do estado sul-mato-grossense.

As pesquisas realizadas contam com uma equipe multidisciplinar, formada por biólogos, médicos veterinários, engenheiros florestais, jornalistas e economistas, com experiência em diferentes áreas, como, por exemplo, ecologia, conservação, ecologia de estradas, educação ambiental, dimensões humanas e comunicação social. São profissionais dedicados e empenhados em promover a segurança das pessoas e a conservação de animais silvestres, especialmente do tamanduá-bandeira.

Além disso, a participação e a colaboração de pesquisadores parceiros, estagiários, alunos de graduação, mestrado e doutorado, bem como a realização de outros estudos, são essenciais para o sucesso do objetivo proposto por este projeto.

Saiba mais em: www.icasconservation.org.br/projetos/bandeiras-e-rodovias

Confira uma sequencia de fotos para conhecer um pouco mais sobre o trabalho que é desenvolvido pela pesquisadora, Alessandra Bertassoni, dentro do projeto Bandeiras e Rodovias:

Fotos: Audrey Brisseau/ICAS

Foto 1: Alessandra realizando observação focal de um filhote, respeitando o distanciamento entre pesquisador e objeto de pesquisa.
Foto 2: Os tamanduás possuem um olfato super apurado e é por isso que se aproximar do animal sem ser percebido requer entender a direção do vento. Por isso, a fitinha no dedo ajuda a entender a direção e as variações momentâneas do vento em campo.
Foto 3: Observar os tamanduás requer calma, silêncio e um pouco de paciência.
Foto 4: Na maioria das vezes eles estão camuflados no campo, como podemos observar nessa foto, onde o tamanduá está bem encaixado em galhos secos.
Foto 5: Ficha de coleta de dados (muitas horas de observações prévias para desenvolvê-la). Para cada observação e para cada tamanduá, uma ficha.
Foto 6: O tamanduá-bandeira tem sua atividade regulada pela temperatura ambiente. Em áreas muito quentes, fica mais ativo no início e fim do dia (para evitar o calor), então os dias da Ale são por vezes mais longos do que o previsto!
Foto 7: Uma bióloga feliz! Será que ela viu comportamentos incríveis? Para saber sobre isso, continue a seguir-nos! Os resultados dessa pesquisa estarão por aqui. Acompanhe as cenas dos próximos campos!

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