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Novo método de proteção de colmeias de abelhas da predação por tatus-canastras apresenta resultados promissores durante fase de testes

Projeto surgiu a partir da necessidade de promover uma melhor convivência entre os apicultores e o tatu-canastra no Cerrado de Mato Grosso do Sul e hoje oferece certificação e suporte para apicultores que ajudam a salvar a espécie da extinção.

Pesquisadores do projeto Canastras e Colmeias, juntamente com apicultores parceiros da iniciativa, estão realizando testes de um novo método de manejo para proteção e mitigação com baixo custo de implementação e que permite que as colmeias fiquem posicionadas a uma altura não muito elevada, facilitando o trabalho do apicultor ao mesmo tempo em que evita que o tatu-canastra alcance as larvas de abelhas.

De acordo com Marcos José Wolf, biólogo especialista em apicultura e técnico do projeto, esta nova técnica consiste basicamente em cavaletes coletivos de 70 centímetros de altura, onde as colmeias são posicionadas lado a lado, e presas em conjunto através de dois arames esticados paralelamente, sendo que um dos arames passa pela frente das caixas ninho e o outro por trás, prendendo todo o conjunto ao cavalete.

“Caso um tatu-canastra ou qualquer outro animal tente derrubar uma caixa, o movimento gerado é percebido por todo o conjunto de colmeias através da vibração dos arames, fazendo com que a maioria das colônias de abelhas possam se defender e afugentar o animal”, explica.

A somatória da altura do cavalete (70 centímetros) mais a altura de uma colmeia de abelhas (caixa ninho: 30 centímetros) equivale a uma altura total de um metro. Como os ninhos ficam presos ao cavalete, os tatus não conseguem acessar a tampa e a parte superior das colmeias, dificultando a remoção dos quadros e o acesso aos favos de cria.

O biólogo também explica que para manter os arames bem esticados, o apicultor pode recorrer a opção de utilizar esticadores, pois quanto maior for o comprimento do cavalete, maior será a necessidade de esticadores eficientes e tirantes de arame com 40 centímetros de comprimento posicionados entre as colmeias para unir os arames que passam pela frente e por trás das caixas ninho, mantendo-as firmemente presas ao conjunto.

Além disso, como as colmeias ficam presas ao cavalete pelas partes traseiras e dianteiras, este método permite que o apicultor manipule a câmara de cria sem a necessidade de desprender as caixas do suporte.

Metodologia em teste utiliza materiais de fácil obtenção e é de baixo custo para o produtor.

“Nossos registros, mostram que os tatus-canastra costumam se apoiar sobre as patas traseiras, utilizando a força de sua cauda para se equilibrar e com a cabeça e o focinho, empurram as colmeias e derrubá-las dos cavaletes. Por isso, ao utilizar cavaletes com uma altura exata de 70 centímetros, criamos uma zona de desconforto para o animal, que fica em uma posição arqueada, dificultando que ele consiga se posicionar em pé para derrubar as colmeias,” ressaltou.

Para o sucesso da técnica é essencial que as medidas apresentadas sejam seguidas, pois se o apicultor utilizar este método em cavaletes com altura superior a 70 centímetros, o tatu-canastra pode conseguir se manter ereto abaixo das colmeias e se for abaixo da medida, poderá acessar o ninho pelo teto das colmeias.

É importante também, que os pés dos cavaletes não tenham nenhuma travessa de reforço abaixo de 70 centímetros de altura, pois o animal poderá utilizar como degrau e escalar o cavalete.

Este método foi desenvolvido e testado pelo apicultor José Nilson Pronsate Sanches, que desde a implementação da técnica há três anos, nunca mais teve suas colmeias predadas. Atualmente o método está sendo monitorado pela equipe do projeto em outros apiários, através de câmeras com sensores de movimento, para documentar com imagens e vídeos sobre sua eficiência, e se haverá necessidade de ajustes.

O PROJETO CANASTRAS E COLMEIAS

O projeto Canastras e Colmeias surgiu a partir da necessidade de promover uma melhor convivência entre os apicultores e o tatu-canastra, espécie ameaçada de extinção. As mesmas áreas de florestas que os apicultores utilizam para colher o mel de floradas nativas são também as poucas áreas restantes de mata de que os tatus-canastra dependem para sobreviver.

Com o desmatamento e a consequente redução na disponibilidade de alimentos, o tatu-canastra aprendeu a derrubar as colmeias em busca de larvas de abelha, causando danos e prejuízos para quem trabalha com a produção de mel e derivados. Assim, surgiu  o “Guia de Convivência entre apicultores e tatus-canastra no Cerrado do Mato Grosso do Sul”, um material que reúne técnicas testadas e propostas pelos próprios apicultores para evitar que as colmeias sejam atacadas pelo tatu-canastra.

E para incentivar a utilização destes métodos de proteção e recompensar os apicultores parceiros da iniciativa, o projeto também criou o selo “Produtor Amigo do Tatu-canastra”, que possui uma certificação internacional e que irá agregar valor aos produtos que são produzidos de forma pacífica com a fauna silvestre. Ou seja, além de se beneficiarem das boas práticas de manejo, aumentando seu rendimento e diminuindo danos e prejuízos, os produtores certificados ajudam na proteção desta espécie que possui um papel importante e fundamental para o ecossistema e que é essencial para a nossa biodiversidade. 

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