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Estradas como armadilhas ecológicas para tamanduás-bandeira é tema de artigo publicado por pesquisadores do ICAS

Pesquisa feita em estradas de Mato Grosso do Sul (MS) mostra que tamanduás-bandeira cruzam mais as rodovias no período noturno e utilizam pouco as passagens subterrâneos; situação que ameaça a espécie e coloca em risco a vida das pessoas.

Estudo inédito sobre os efeitos das estradas de Mato Grosso do Sul (MS) na vida dos tamanduás-bandeira, realizado por pesquisadores do Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS) e por pesquisadores parceiros da Universidade de Lisboa e The University of British Columbia, foi publicado na renomada revista “Animal Conservation”. O objetivo principal da pesquisa foi estudar como os tamanduás-bandeira se movimentam em relação às rodovias.

Foram usados dados de 38 tamanduás-bandeira capturados próximos às rodovias MS-040, BR-267 e BR-262. Os animais foram equipados com coletes de tecnologia GPS, que registram a sua localização a cada 20 minutos, durante o período de aproximadamente 1 ano.

Débora Yogui, médica veterinária do ICAS, explica que para que haja uma redução dos efeitos negativos das estradas sobre a vida selvagem, é fundamental compreender como os animais se comportam no entorno das rodovias e que com os dados coletados durante esse estudo, foi possível determinar com detalhes a área de vida dos animais, o seu padrão de deslocamento e a taxa de cruzamento na rodovia, bem como seus horários de atividade.

“identificamos que os animais cruzam a rodovia menos do que o esperado e que eles também reduzem sua velocidade ao cruzar as rodovias, mostrando algum nível de cautela. Porém, nenhuma rodovia inibiu totalmente as travessias, ou seja, os animais de fato cruzam a rodovia quando querem, expondo-se às colisões veiculares,” disse a pesquisadora.

Débora Yogui, médica veterinária do ICAS, durante observação de tamanduás-bandeira.

O trabalho desenvolvido mostrou que 81,5 % dos animais capturados próximos das rodovias, em algum momento durante o período de estudo, cruzaram a pista, especialmente no período noturno, informação que coloca em alerta e ressalta a necessidade de implementar medidas de mitigação e promover campanhas educativas e de conscientização para que os motoristas evitem trafegar à noite, quando possível.

“Este estudo mostra claramente que o habitat perto de estradas funciona como uma armadilha ecológica onde indivíduos saudáveis ​​ocupam os territórios próximos ou cortados por estradas, mas eventualmente são atropelados devido às suas travessias regulares”, explicou a pesquisadora.

Além disso, o estudo identificou e mapeou as passagens inferiores pré-existentes na área de estudo (usadas para gado ou para drenagem de água), e constatou que menos de 1% dos animais monitorados utilizaram esses espaços para cruzarem as estradas.

“Essas informações são essenciais para o desenvolvimento de estratégias de gestão de estradas e paisagens, incluindo o planejamento de futuras infraestruturas de transporte. As passagens inferiores por si só não se mostraram eficazes, pois foram utilizadas pelos animais de forma oportuna, não por uma questão de cautela. Sendo assim, é realmente necessário associar essas passagens a cercamentos, de modo a conduzir o animal a utilizar esse espaço como forma mais segura de realizar a travessia”, ressaltou Arnaud Desbiez idealizador do projeto e presidente da ICAS.

Este estudo foi realizado sob a licença nº 53798 do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, que concedeu permissão para capturar, imobilizar e manipular tamanduás-bandeira, além de coletar e armazenar amostras biológicas para aprofundar os estudos sobre a espécie. Todos os procedimentos realizados seguiram as diretrizes da American Society of Mammologists para o uso de mamíferos selvagens em pesquisas.

Acesse o site www.zsl.org para conferir a prévia deste e de outros artigos relacionados, ou envie um e-mail para contato@icasconservation.org.br e solicite uma cópia do artigo “Roads as ecological traps for giant anteaters”.

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