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Pantanal da novela é menos exuberante e mais seco que aquele que aparecia na TV em 1990

Apesar de todo o avanço da tecnologia e da captação de imagem em ultra resolução, a natureza exibida nas telas é bem menos verde que aquela exibida na Manchete no passado. Pantanal perdeu 15,7% da sua área de vegetação nativa até 2019.

Nesta segunda-feira (28) estreou o remake da novela Pantanal, um clássico da TV brasileira nos anos 90, que voltou ao horário nobre em uma nova versão. A história de Juma Marruá, Jove e José Leôncio foi ao ar pela primeira vez na TV Manchete há 32 anos e fez um enorme sucesso pela trama e também pela beleza das paisagens da maior área úmida do mundo. No entanto, as imagens da nova novela estão menos exuberantes e mostra um ambiente mais seco, pois, o ecossistema tem sofrido com uma forte e longa estiagem, além de ser impactado pelo aumento do desmatamento e com os grandes incêndios dos últimos.

Pesquisadores do Programa de Conservação do Tatu-canastra, executado na região pantaneira da Nhecolândia desde 2010, tem vivenciado essas alterações do ambiente anualmente e foi pensando em minimizar estes impactos climáticos na região, que o ICAS – Instituto de Conservação de Animais Silvestres, o IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas e a Fazenda Baía das Pedras, em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), realizaram a entrega de equipamentos e ofereceram capacitação para a formação de uma brigada comunitária, que agora está preparada para atuar na prevenção e no combate de futuros incêndios em uma área de 1.500 km2 do Pantanal.

“Nós não temos o controle do ciclo das águas na planície, mas podemos auxiliar nos efeitos que são causados pela estiagem, como, por exemplo, nos incêndios que ocorreram no Pantanal em 2020 e que avançaram por uma extensão quase cinco vezes maior do que a média de área queimada na região nas últimas duas décadas, onde quase metade (43%) da extensão atingida não queimava há mais de 20 anos. Por isso, nós buscamos auxiliar na criação dessa brigada, pois, muitas áreas que foram consumidas pelo fogo, serviam de refúgio para os animais durante os incêndios ocorridos em anos anteriores”, explicou Arnaud Desbiez, fundador do ICAS e idealizador do Programa de Conservação do Tatu-canastra.

De acordo com os dados e imagens de satélite divulgadas pelo projeto MapBiomas, iniciativa de cooperação entre universidades, empresas e ONGs, que mapeia as mudanças no uso do solo no Brasil a partir da análise computadorizada de imagens de satélite, a média histórica da área de inundação no Pantanal diminuiu 26% nos últimos 30 anos.

À esquerda: Pantanal de 1990, com muito mais água do que em 2020 (à direita) – a superfície alagada aparece em azul MapBiomas/Reprodução

A imagem acima à esquerda mostra em diferentes tons de azul as partes do Pantanal que estavam em algum momento cobertas por água em 1990, quando a novela foi ao ar pela primeira vez e à direita, a área inundada em 2020 – ano mais recente do monitoramento feito pelo projeto MapBiomas.

Essa área de inundação possui oscilações anuais que são naturais do ciclo da água na planície, onde há anos em que ele enche mais e em outros, menos. “É evidente que ao mesmo tempo que a área máxima coberta pela água registrada a cada ano está diminuindo, a área mínima também está ficando cada vez menor”, disse Eduardo Rosa, responsável no MapBiomas pelo monitoramento do Pantanal, em entrevista à BBC Brasil.

Os dados também mostram que o nível máximo de inundação registrado nos últimos anos, chegou a ficar abaixo do mínimo registrado no começo dos anos 1990. Além disso, o período de cheia também tem sido cada vez mais curto e isso preocupa os pesquisadores, já que a preservação do Pantanal depende diretamente do equilíbrio deste ciclo de inundação.

Réguas telemétricas no rio Paraguai, em Ladário (MS), medem os níveis da água do Rio Paraguai há 121 anos. Foto: Guto Akasaki

É preciso agir agora para proteger os rios, combater o desmatamento e também as queimadas, pois, só assim, essas riquezas não ficarão registradas apenas no vídeo e as próximas gerações terão a oportunidade de conhecer e sentir toda essa natureza tão incrível e que abriga tantas espécies de fauna e flora. Afinal, cuidar do Pantanal é proteger a vida!

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