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ICAS, IPÊ e Baía das Pedras se unem para formação de brigada voluntária no Pantanal da Nhecolêndia.

Formação de brigadas recebeu doação de equipamentos e treinamento para combate a incêndios na região pantaneira durante período crítico de estiagem

O ICAS – Instituto de Conservação de Animais Silvestres, IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas e a Fazenda Baía das Pedras, em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), realizaram nos dias 28 a 31 de julho de 2021, a entrega de equipamentos e capacitação para a formação de uma brigada comunitária, que agora está preparada para o combate de incêndios na região da Nhecolêndia, no Pantanal de Mato Grosso do Sul (MS).

O fundador do ICAS, Arnaud Desbiez, explica que a iniciativa surgiu a partir dos incêndios que ocorreram no Pantanal no ano passado e que avançaram por uma extensão quase cinco vezes maior do que a média de área queimada na região nas últimas duas décadas. “Quase metade (43%) da extensão atingida em 2020 não queimava há mais de 20 anos e o mais preocupante é que esses locais serviam de refúgio para os animais durante os incêndios ocorridos em anos anteriores. Uma situação que eu jamais tinha presenciado durante os quase 15 anos de execução do programa de conservação do Tatu Canastra,” disse o pesquisador.

Para a pesquisadora do IPÊ, Patrícia Medici, que desde 2006 realiza pesquisas sobre a Anta brasileira na região, o incêndio do ano passado foi avassalador e um novo desastre colocaria em risco toda a biodiversidade. “A situação é extremamente preocupante e isso nos motivou a buscar por financiadores que compreendessem a necessidade de realizar ações mais efetivas, como, por exemplo, a compra e doação de equipamentos e capacitação para a formação de novas brigadas, para que esse cenário não se repetisse neste ano”, afirmou a conservacionista.

Com isso, a iniciativa realizou a entrega de um caminhão pipa de 5 mil litros e uma motobomba, que podem ser transportados com urgência para as fazendas da região, além de doar equipamentos essenciais, tais como, o queimador de incêndio, utilizado para queimar áreas como medida preventiva, um soprador portátil, motosserra, roçadeira, foices, enxadas e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), que incluem roupas de proteção, luvas, óculos, garrafas de água, protetores de pernas, entre outros.

Maior planície alagável do planeta, está há três anos sem cheia nos rios pantaneiros.

De acordo com José Marcio do Prado, que trabalha há 20 anos na fazenda Santa Maria, propriedade que faz parte da coalisão, o fogo sempre fez parte da vida de quem vive na região. “Já apagamos muito incêndio no tempo em que isso era feito só com galho. Por isso, com esses materiais e com esse curso que recebemos, acredito que agora será bem mais fácil de controlar as queimadas”, relatou o trabalhador do campo.

Rita Jurgielewicz, da fazenda Baía das Pedras, local que irá guardar e armazenar parte dos equipamentos, ressalta que o Pantanal é um ecossistema feito por ciclos e que durante o período de seca, é comum a realização de queima controlada das pastagens, ou seja, quando é colocado fogo no entorno da área que se quer proteger com o objetivo de não deixar que ele se alastre e ganhe proporções de um grande incêndio, mas infelizmente nem todos possuem conhecimento e os equipamentos necessários.

“A capacitação e o material adequado para realizar essa prática, são fundamentais para que possamos evitar um desastre como o que ocorreu no último ano. Sendo assim, quando fomos convidados para participar dessa iniciativa, nos colocamos à disposição e começamos a mobilizar outras fazendas vizinhas e esperamos que no futuro, tenhamos uma maior adesão e união entre as propriedades para que juntas possamos trabalhar de forma combativa nos períodos de seca,” explicou Rita.

Essa coalizão conta com a participação de 7 fazendas, todas devidamente equipadas e com pessoas treinadas para atuarem na prevenção e no combate de futuros incêndios em uma área de 1.500 km2 do Pantanal, incluindo as regiões onde são realizados os estudos do maior projeto de conservação de longo prazo da anta brasileira e o primeiro projeto de longo prazo sobre o tatu-canastra, feitos pelo IPÊ e ICAS, respectivamente. 

Para o supervisor de brigada estadual do Prevfogo, Marcio Ferreira Yule, a participação e a capacitação das comunidades locais são essenciais para evitar grandes desastres. “Acreditamos na força e no poder do coletivo e por isso o IBAMA está disponível para realizar capacitações nas fazendas, incentivando a criação de brigadas voluntárias para prevenção e no combate ao fogo”, disse o analista ambiental.

Ao todo foram investidos R$ 398,876,20 para a formação da coalisão com um custo de R$ 4.973,32 dos EPIs para cada brigadista.

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